sexta-feira, 4 de maio de 2007

Capítulo XIII

Caminhava lentamente a respirar o ar fresco da noite. O corpo elástico e esguio seguia atento. Apesar dos movimentos aparentemente descontraídos, estava preparado para se defender em caso de ataque. De vez em quando estalava os dedos das mãos.
Levou a mão direita ao bolso e afagou o que se encontrava no interior. Tirou-o e cheirou. O cabelo dela cheirava tão bem. Com a madeixa colada ao nariz, inspirava golfadas de ar como se estivesse prestes a morrer. Aquele cheiro dava-lhe a volta à cabeça.
Abriu a porta do carro e sentou-se ao volante. Pousou a madeixa no outro banco e contemplou-a. Tão bela, tão especial, tão cativante…

Tinha demorado a morrer. Debatera-se bem! Nunca pensou que ela fosse tão viva e tão lutadora. Isto ainda lhe tinha agradado mais. Gostava quando elas davam luta! Ficava em êxtase. Esta tinha sido das melhores.
Tinha sido apanhada desprevenida, mas tinha-se agarrado a ele com quantas forças tinha. Cravara as unhas nas suas mãos. Agarrara-se à vida, como se agarraria a um precipício se estivesse prestes a cair. Não lhe adiantou de muito! Mas tinha contribuído para o prazer da caça.

Arrancou e tomou o caminho até casa. Fazia uma reconstituição da cena na sua cabeça. Conseguia sentir aos mãos a apertar-lhe o pescoço. Aquele pescoço de garça, alto e fino. Lindo. Sentia os cabelos a flutuar junto aos braços quando lhe mergulhou a cabeça na água. As mãos dela cravadas nas suas. O medo, a agitação, o barulho da água a saltar. Estava em êxtase de novo. Lembrava-se do último movimento, do último estertor de morte, e depois do sossego. A paz. O silêncio. Fazia-o sentir-se tão bem!

Estacionou. Correu pelo quintal para entrar pela porta das traseiras. Quando deu por si, ia pelo ar, a uma velocidade estonteante, até cair desamparado no chão. Tinha tropeçado. A mão abriu-se e a madeixa saltou. Bateu com a cabeça no chão. Toda a euforia que sentia foi-lhe sugada do corpo, ao mesmo tempo que o ar lhe saía dos pulmões. Ficou aturdido. Cabeça a latejar. Mãos a tactear à procura da madeixa.
Foi-se arrastando até que finalmente a agarrou. Encontrava-se apenas a alguns centímetros do corpo. Parou. Deixou de lutar. Durante uns segundos prestou atenção aos ruídos. Ouvia o seu coração a bater. A sua respiração agora ofegante devido à queda, estava a começar a estabilizar. Começou a levantar-se, tentando lutar contra as dores de cabeça. Estava tonto. Agarrava ainda com mais força a madeixa na mão direita. Levou-a ao nariz e inspirou o mais profundamente que conseguiu.

Avançou em direcção à porta. Ao longe ouviam-se as corujas a piar freneticamente. Adorava corujas. Também ele era um caçador. Também ele voltava a casa depois de uma noite a caçar. Inspirou o ar da noite e agarrou a madeixa com mais força. Entrou esboçando um sorriso, enquanto as corujas continuavam a piar.

28 comentários:

Miss Alcor disse...

Arranjei um assassino. Não lhe dei nome. Só corpo. Para já pode ser qualquer um!
Uma pista: ela agarrou-se às mãos dele, enquanto se debatia. Para quem gosta de CSI, acho que não preciso de dar mais pistas!!! Para quem não gosta, não se esqueçam do ADN. ;)

Cristina disse...

Parabéns. Está fantástico... E, de facto, pode ser qualquer um. Novo capítulo... que vício \o/

Luis Prata disse...

Muito bem, gostei muito! O teu estilo de escrita diferente encaixou perfeitamente na descrição deste assassino. Bom trabalho ;)

Premonições:

Será que este assassino é o frio serial killer feminino "típico" daquele a que estamos habituados a ver que age por vontade própria e escolhe vitimas do sexo feminino bonitas ao acaso??

Talvez.. Mas eu espero bem que não!!! Era muito melhor (da minha perspectiva) que existisse um motivo mais válido para esta morte. Talvez ele tivesse sido contratado para matar por ser o melhor. Talvez alguém quisesse ver Clara morta por algum motivo e tenha contratado este novo personagem para a aniquilar.

Não se esqueçam que Clara está morta mas ela pode muito bem "viver" até ao fim do conto, basta que se continue a descobrir novas coisas acerca da vida dela, do seu passado, e talvez então encontrar um bom motivo para ela estar morta.

Assim acho que o thriller ficava mais "inteligente" e só teria a ganhar. Acho que o verdadeiro motivo desta morte só deveria ser descoberto lá para o capítulo 100 para ter mais piada :) just my 2 cents ;)

Parabéns!

Eduardo Ramos disse...

E salta! E salta! E salta Alcor! E salta!

Boa malha!
Pratas! É isso mesmo! O nosso Serial Killer tem que ser mais inteligente. Mais Europeu. Esqueçam a Hollywoodisses.
Eu por acaso até pensei numa coisa mais complicada e logo mais interessante. Não vou divulgar pois ia estragar o desenvolvimento. Mas deixa que já te digo. :o)

Quem vem a seguir tem material para dar e vender.
Força.

És mesmo grande, miss alcor.

Daniella disse...

Bravo, Miss! Achei fantástico teres introduzido o assassino. É de facto uma personagem misteriosa…
Gostei da sugestão do Pratas.

O próximo é o Paulo, não é?
Força e bom capítulo…

Miss Alcor disse...

Obrigada Cristina!

Pratas, obrigada. Concordo. Apesar de ter imaginado um homem (sem querer influenciar ninguém!) acho que podemos fazer com ele o que muito bem nos apetecer!
Mas, cada capítulo tem sido uma surpresa para mim, portanto, acho que não vai ser agora que alguém vai desiludir! ;)

Eduardo Ramos, obrigada! Nunca pensei ser merecedora de tantos elogios!
É como eu digo, o conto tem sido muito surpreendente. Temos muitas pernas para andar!

Daniella, obrigada! Acho que todo o bom polícial tem de ter uns capítulos dedicados ao assassino!

Paulo disse...

Pessoal:

Se não se importarem de esperar uns 4 ou 5 dias até ao capítulo 14, eu escrevo-o.
É que eu tenho andado um cadito ocupado e vou agora imprimir os cap. 10, 11, 12 e 13 para ler com atenção. Só depois escreverei.

Se estiverem com "pressa" eu passo a minha vez e escrevo noutra altura. Ok?

Digam que é para eu ler no FDS e iniciar (ou não) a escrita na 2ªfeira.

Não fico chateado se acharem que eu devo passar a vez :)

Eduardo Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Ramos disse...

Paulo.
Demora o tempo que quizeres.
De certeza que vai sair coisa boa!

E, óh vizinho, manda-me um mail para ejframos@gmail.com

Miss Alcor disse...

Por mim esperamos por ti Paulo!

Nathalia disse...

Gostei muito :o)
Descritivos são os meus preferidos...

É até bom o Paulo demorar um bocado, pq eu também só devo escrever o cap 15 daqui a uns dias...

Eduardo Ramos disse...

miss alcor!

Escolheste logo o capitulo 13, para o assassino dar o ar da sua graça!

hehe

Touro Zentado disse...

"Munto" bom Miss Alcor!
Consegui "ver" tudo o que descreveste... Acho que tenho P.E-S.... Hehehe

Paulo, por mim podes demorar o tempo que quiseres...

Convido o Alvim então? Também pensei no seguinte: se nenhum dos convidados anteriores responder atiro o barro à parede com a equipa das Manhãs da 3. Que dizem?

Bom fim-de-semana a todos! :)

Miss Alcor disse...

Nathalia, obrigada! ;)

Eduardo... estou bastante lenta! Só percebi agora! Eheh!
Por acaso o XIII foi uma coisa que não me passou ao lado! Gosto do 13! Nasci a 13. O número tem aquela mistica que o envolve!
Honestamente não pensei que ninguém fosse reparar!
Vocês não deixam escapar uma! Gosto disso!

Obrigada Touro Zentado. Ainda bem que conseguiste "ver" tudo!

Cristina disse...

Mais ninguém pode participar, se desejar. É que isto está a ficar tão interessante que até motiva qualquer pessoa lol

Parabéns!

Luis Prata disse...

Touro, depois de isto dar a volta candidato-me a escrever o XVIII ou qualquer outro a seguir. Escolhe dps tu.

Já agora podes fazer um resumo do número de participantes actuais e o nº de posts de cada um? Ainda faltam postar alguns certo?

blimunda sete luas disse...

Parabéns pela ideia. Só hoje tomei conhecimento deste projecto, li todos os capítulos e comentários, acho uma experiência muito, muito positiva.

A trama está a tender muito para o policial, coisa para a qual não encontro em mim grande talento. Mas por outro lado, a vontade de "pôr a colher" já cá ficou.

Nem percebi bem se ainda aceitam mais alguém, afinal vocês já vão na segunda volta. Mas se acharem que ainda há espaço para mais um capítulo ao género "empata", eu estava capaz de fazer alguma coisa mais "cabeça", talvez um capítulo só focado no perfil psicológico de algum personagem.

Caro Touro, estou ao dispor: blimunda_setluas@mail.pt

Se não, têm aqui mais uma leitora interessada! E parabéns, mais uma vez.

Paulo disse...

Eu acho que deviam convidar o Pedro Ribeiro. Parece-me que ele aceita de caras... digo eu.
Em seguida o Markl, embora eu ache que ele não vai aceitar...
O Alvim... não acho boa ideia, mas voçês é que sabem ;)

Corduroy disse...

Bem...isto é msm ao meu estilo!!! Excelentes discrições e sem diálogo.
Mts Parabéns...

P.S. - eu voto no Pedro Ribeiro

Daniel Santos disse...

Miss, adorei! Simplesmente fantástico, parabéns, está mesmo muito bom. A maneira tão profunda como descreveste tudo, sim sra! ;o)
O pormenor da madeixa foi bem pensado. Quem sabe não o vai trair mais tarde... Ou a coruja...Enfim, ainda há muito para escrever e mais uma vez tu fizeste um óptimo trabalho!

Jasmim disse...

Mais uma vez os meus parabéns!!
Tenho sido uma leitora assídua e viciada por este projecto. Sou novata no mundo dos blogs e vou aprendendo muito com estes passeios que faço, entretida com o vosso conto e curiosa pelos vossos blogs pessoais.
Este capítulo em particular provocou-me um arrepio, está muito bem escrito e encaixa perfeitamente na história. Gostei muito, continuem o bom trabalho com as vossas mentes brilhantes!

Laudinha disse...

Parabéns Miss Alcor!

Adorei entrar na mente do assassino... em livros policiais é sempre uma das minhas partes favoritas... não sabemos mais nada dele apenas o que lhe vai pela cabeça, o que pensa :)

Isto agora vai pela mesma ordem? Quando sou eu again?

Miss Alcor disse...

Obrigada Gente boa pela parte que me toca!
Tem sido um prazer participar neste conto!

Touro Zentado disse...

Ora viva!
Vamos lá responder às questões que foram colocadas:

- A propósito da ordem de escrita eu entendi que ficou mais ou menos implicito que seria para seguir a ordem da primeira volta. Se acharem melhor fazer de outra forma, por mim tudo bem.
- A propósito de novas participações Cristina e Blimunda, apesar de ter o papel de administrador e, portanto, poder enviar-vos convites, esse é um assunto que tem de ser posto à discussão de todos os elementos do blog. Se os restantes concordarem eu envio os convites.
- Sobre o número de "contadores" Pratas, somos treze em teoria e onze na prática. O Rui e o Jaleco aceitaram o convite mas não chegaram a propor-se para escrever...
- Sobre os convites a pessoas famosas. Já enviei convites ao Markl (há mais de uma semana) e ao Pedro Ribeiro (há uns três ou quatro dias). Não enviei a mais ninguém...

Miss Alcor disse...

Quanto à ordem, eu concordo que seja a mesma. Acho que é mais simples assim, do que andar aqui a saltar. Pelo menos sabemos sempre quando é a nossa vez!
Novas participações podem implicar mais confusão! É o único senão que aponto para as novas entradas. Acho que deviamos fazer uma votação. Ou através dos e-mails, ou mesmo criando um post para o efeito, que depois podia ser apagado.
Os famosos: se querem a minha opinião muito honesta acho que estamos bem como estamos. Se o Markl ou o Pedro Ribeiro responderem, então tudo bem. Acho que não devemos convidar mais nenhum. Podem desvirtuar o sentido que aqui tentamos criar.

Paulo disse...

Sou da mesma opinião da Alcor, i.e., a ordem de lançamento dos capítulos pode ficar como está.
Em relação a novos membros, acho que estamos bem assim, mas se podem sempre fazer uma votação.
Em relação aos VIP's... se aceitarem tudo bem, se não aceitarem nós damos muito bem conta do recado sozinhos ;)

astuto disse...

Viva, Miss Alcor. Só agora pude ler o teu capítulo :-(

Escreves muito (algo que eu já sabia) e gostei, sobretudo, do teu talento para descrever sítios. O teu capítulo está muito bom. Parabéns pela aplicação!

Cumprimentos!

susemad disse...

clap... clap... clap...
Miss Alcor soubeste muito bem segurar a responsabilidade de escrever a seguir ao capítulo do Touro Zentado.
A forma como descreveste o desenrolar do assassinato é automaticamente visual. Senti-me como se estivesse no local do crime. Parabéns!!