Verónica estava sentada na cadeira de Bernardo. Fazia rodopiar a cadeira com alguma velocidade dano impulso com os pés por onde calhava. Ora se apoiava na secretária, ora na parede, fazendo os seus caracóis ruivos baloiçar alegremente. Ao mesmo tempo seus dedos brincavam com o telemóvel. Fazia-o girar como se tratasse de uma carta de jogar. Por acaso no visor estava o símbolo do Ás de espadas.
Levanta-se nervosa. “ Mas que gaita!” – dizia. Olhava mais uma vez o telemóvel. Aproximou-se da janela. Espreitou lá para fora… para nada.
Quando Verónica olhava para o telemóvel como um gato à caça, este vibrou. “PORRA!” - O susto foi tão grande que o Nokia saltou das mãos. Ela ainda tentou apanha-lo no ar, mas por duas vezes ele escapou e foi direito ao chão.
Verónica num acto de desespero baixa-se, mas ao fazer tal avança com o pé, pontapeando o telefone para debaixo da secretária ao mesmo tempo que sente uma dor fortíssima na testa de tal modo que cai par trás:
“MERDA!” – sacode a cabeça tentando perceber o que tinha acontecido e vê que tinha se esquecido de fechar a gaveta de onde tirou o telemóvel da empresa. Este tocava debaixo da secretária a música de Lionel Richie.
“Hello! Is it me you're looking for?”
“Merda de música! - ESTOU!? Espera só um bocadinho. Deixa-me sair daqui debaixo da secretaria.- NÃO INTERESSA! – O que interessa é saber se fizeste o que te pagaram para fazer?” – Verónica senta-se na cadeira de Bernardo esfregando a cabeça, pois um alto começava a aparecer.
“SIM! E o Mário? Que fez? … Fugiu pelas traseiras?... Foi para onde? MARTA? Esta agora!” – Levanta-se vai ao mini frigorifico e tira uma cerveja. Coloca a garrafa na testa.
“AAAAH! Que bom!... HÃN!?... Tens alguma coisa a ver com isso? Não querem lá ver!? – Vá , vá! Vai mantendo o Mário debaixo de olho. Faz de tudo para ele não vir aqui. Hoje e amanhã! … Está bem! Pagamos o resto depois. Té logo! Vai dizendo coisas.” – desliga – Estúpido!”
Verónica vira-se para o computador. Abre o Skipe e marca um número preestabelecido. Poisa a garrafa e olha para ela como se agora o interior fosse mais apetecível que o frio do vidro.
“Estou? Bernardo… oops Desculpa! Sim sem nomes! Já está. Podemos fazer o resto. Vai demorar. Tenho medo.”
Neste momento, Verónica começa a sentir-se desconfortável. Sente um calor nas mãos que as faz transpirar. O telefone voip vai mudando nervoamente de mão.
“Olha! E eu? Quando vou ter contigo? … 3 dias… e onde? … E espero lá por ti? … Chegas quando?”
A boca parecia cortiça.
“Eu não acho nada saudável fazer isto aos Russos… pronto! Está bem! Desculpa! Eu não digo mais nada! … mas tenho tanto medo!... Eu sei!... SIM! ISSO! Milionária!.. SIM!...vá então! Um beijo.”
Desliga.
Verónica inspira fundo. Sorri, mas logo a seguir fica como se soubesse que podia ser o último sorriso.
Abana a cabeça como se tentasse sacudir o pensamento. Dirige-se ao mini-bar para tirar um descapsulador.
“PSSST!” – salta a carica.
“Podes abrir uma para mim?”
“AAAAAAAAAAAAAAAAAHH!!” – Verónica dá um grito atirando a garrafa pelo ar. Esta vai para directamente à mão de alguém que não estava ali ainda à pouco.
“P-P-P-Pedro?” – balbucia Verónica.
“SIM! Pedro! O caça gambozinos!”
“Desculpa?”
“Não desculpo! Que queres? Tenho este feitio!”
Verónica procurava desesperadamente um sítio para se encostar. Acaba por se sentar em cima da secretária. Pedro bebia de uma assentada meia Carlsberg. Mete a mão no bolso e tira um mini gravador digital.
“Sabes o que é isto?” – Verónica ia abrir a boca – “Não digas! Isto é um minigravador que comprei no LIDL que me ajuda muitas vezes quando tenho que falar com os clientes, para mais tarde preparar os meus casos. E sabes que mais? Hoje voltou a ajudar-me!”
Pedro senta-se na cadeira de Bernardo. Coloca-se na pose o mais feminina que sabia e liga o aparelho!”
“Estou? Bernardo… oops Desculpa! Sim sem nomes! Já está. Podemos fazer o resto. Vai demorar. Tenho medo.”
Pedro desliga o aparelho e olha para Verónica com ar de gozo. Esta estava branca.
“ MEDO! MUITO MEDO! Quer ir fazer xixi, antes que faça aqui?”
“ Eu… eu… eu…”
“Sim! Pelo que percebi! Tu e o senhor Bernardo!... Pelo menos! Conta lá então!”
“ Eu não tenho nada a dizer!”
“Não!? … Bom! Então não tenho nada a fazer aqui. Desculpa o incómodo! Vou-me embora!”
“ Sim é melhor!”
Indo directo à porta de saída - “ Só mais um coisa… qual é o número da policia local?... Deixa eu ligo para o 112. Eles depois dizem-me!”
Verónica, corre e segura-o por um braço.
“Espera!”
“Espero eeee?”
“Eeeee… não contes a ninguém!”
“Porque…”
“Porque… tenho medo!”
“Espera! Outra vez medo! Olha! Estou a perder a paciência!| Ou contas depressa o que se passa ou a policia vai ficar muito contente em conhecer o meu papagaio.”
“Eu... eu… eu… - derrotada – eu conto!”
“Marta está envolvida?”
“Não! Bernardo aproveitou a deixa dos assassínios para colocar fora de acção Marta o tempo suficiente para …!”
“OS QUÊ!? – Pedro sentiu o sangue a ferver – ISTO É DE LOUCOS! – tentando-se controlar - Isto ainda vai ser melhor. Espera aí! Tenho um telefonema para fazer!”
“Para quem?”
“Não tenhas… MEDO! – Estou? Podes vir aqui à empresa? Tenho uma surpresa.”
...
Marta entra no escritório de Bernardo. Estavam lá duas caras suas conhecidas. Verónica a sua colega que Marta sempre achou meio desaparafusada e Pedro com uma cara como se tivesse descoberto o assassino da esposa.
“ Que se passa?”
“ Aqui a senhora ruivinha e o nosso GRANDE amigo Bernardo, pelo que percebi, andam a tramar alguma tão pequena que até esta noite foi à caça de gambozinos a uma quinta onde vive um velho amigo das pescas de Bernardo e 3 malditos cães que me puseram acorrer como nunca corri na vida!”
“ HEM?” – as sobrancelhas de Marta levantaram ao mesmo tempo que os olhos se esbugalhavam.
“ Pois é! O senhor Doutor Bernardo não é quem nós pensamos. Não é senhora Verónica? Quer continuar ou posso tentar adivinhar!”
“Sim! – Verónica falava baixo. Marta nem conseguia dizer nada. – A ideia era tirar Marta e o Mário daqui. Surgiu a oportunidade com a história dos assassínios em série. Bernardo usava Pedro para levar Marta a ajudar a Judite nos casos, afastando-a por uns tempos. E Mário seria mais fácil. Basta sentir-se seguido. Vigiado e tão depressa não viria aqui. Parece que Marta tem qualquer coisa nos pés. Não percebi o que isso podia ajudar a polícia.”
“ PARA QUÊ? ESTOU-ME QUASE A PASSAR!” – Quase faltou a voz a Marta com o grito.
“Diz-me Marta. De onde é que achas que surgiu o dinheiro para começar esta empresa?” – diz Verónica.
“ Bem! Agora que falas nisso… nunca perguntei. A empresa não era minha. Sou uma empregada . Não sei…”
“Pois! Mas de certeza que não era de herança nem do trabalho de Bernardo, não é!?”
“… pois! Talvez…!”
“Então donde?” – Pergunta Pedro mexendo-se e contorcendo-se na cadeira de Bernardo como se estivesse cheio de formigas.
“Russo…”
"... mas a Associação!?" - Pergunta Marta.
"Banco Russo... Mafia Russa... percebes!?"
“FODA-SE! A gravação…” - Pedro enquanto procurava o trecho no aparelho olhou de soslaio para Marta, meio envergonhado pelo palavrão.
Ouviu-se então:
“…Eu não acho nada saudável fazer isto aos Russos… pronto! Está bem!...”
“AAAAAHHHH! “ - Disse Pedro triunfante.
“O que é isso?” – pergunta Marta.
“ Uma sorte do caraças, quando vinha pedir explicações acerca de ontem me terem mandado à caça de um tesouro que não existia, à procura de pistas acerca do assassino da Clara, numa quinta onde deveria ser uma sede de uma seita qualquer. Esquece!”
“ E apanhaste laranjas quando pensavas que eram limões! BOA! - Estou muito desiludida contigo Verónica. Com Bernardo então até estou de rastos!”
“ E acaba lá com isso. Qual é a ideia?”
“ Os Russos querem que as empresa com que trabalhamos sejam pressionadas a trabalhar para eles.”
“ Eeee…?” – Pergunta Pedro.
“ Porque se não fizéssemos isso tiravam-nos o apoio. Ficávamos com nada. Se fizéssemos, caso fosse descoberto, quem se lixava éramos nós!”
“ Quer dizer aquela história parva do ciganos, do vício, do dinheiro, tinha uma ponta de verdade?
“ Bernardo não se mete com ciganos. Gente baixa.”
“ Óh! Sim! Prefere meter-se com gente graúda. Máfia Russa. Bem graúda por sinal!” – Marta nem sabia o que fazer com os braços.
“Eeeeeeeeeeee…. Já estou a começar a ficar farto!”- salta Pedro.
“Bernardo pensava fugir com uma boa fatia do dinheiro da empresa e desaparecer!”
“ MAS ELE ESTÁ MALUCO? ELE NÃO SABE QUE É VIGIADO POR TODO O LADO? “ – Marta quase que esmurrou Verónica. Os braços voavam em frente à cara dela. Mais parecia que eram os braços e as mãos que falavam.
“ Não sei! “
“ Qual era a ideia? Tem que haver uma volta qualquer bem feita para a coisa sair direita!”
“ Era um troca e baldroca feita entre bancos. Tem haver com branqueamento de dinheiro e pagamentos de comissões chorudas. É muito dinheiro. Com muito zeros. Nós pagávamos os dividendos aos Russos e tínhamos tudo em dia. Afinal eram eles os financiadores. Mas quando lhes deu para aquela ideia vimos que podíamos ir para o xadrez ou ficar com uns sapatos de cimento.”
“ E tu? Onde tás tu nisto? – pergunta Marta, ainda meio combalida.
“ Bernardo à sua maneira gosta de mim. Não me ama. Acho que ele não ama ninguém a não ser ele mesmo, mas prometeu-me ir viver com ele no início. Depois ele dava-me uma parte de dinheiro e eu ia para onde que quisesse.”
“ E agora que fazemos? ” – pergunta Marta.
“ Que fazemos? NADA! Quem vai “fazer” é a Judite. Tenho uns conhecimentos em alguns bancos e tenho a impressão que esta empresa com a viabilidade que tem, depressa vai ter outro administrador e com outros fundos. Por mim o mais fácil é pagar aos Russos a divida que existe e eles ficarem bem caladinhos para não haver barulho. A Judite sabe bem o que fazer com isto. Não te preocupes com nada.”
“ E .. e.. e eu?” – Verónica tremia.
“ Eu tu, faz de conta que a coisa foi descoberta sem ti… PARA JÁ! Vamos a ver no que isto dá! Sinceramente já não me chegava os meus problemas e ainda mais esta. XIÇA!”
“ E o Mário? “ - pergunta Marta.
“ Esse é um pobre coitado. Se andasse por aqui quando a coisa fosse feita. Ainda estragava tudo. É muito bom na sua profissão e sabia de algumas coisas, mas não sabia do essencial. Mandei-o seguir por um conhecido meu, para o manter afastado daqui por uns dias!”
“ E achas mesmo que Bernardo ia dar-te aquilo que te prometeu?” – Pergunta Pedro
“ Sim claro que sim! Ele disse-me todos os passos a dar. Para onde vai e para onde ia e como se fazia!..”
“ ELE disse? .. Tu ficaste aqui! Ele foi para onde?... Marrocos? China? Pois… ! Que medicação tomas? – Pedro olhava para Verónica como se tratasse de uma criança que se tinha portado mal.
“ Espanha!... E só tomo a pílula… não sou drogada… pois…”
“ ESQUECE! … Marta. Temos que encontrar Mário. Pode não ser nada, mas é melhor ele andar por perto de nós, não vá o diabo tece-las!”
“Sim! Também acho!”
“ Mas diz-me lá! Nunca te apercebeste de nada em relação ao Bernardo?”
“ Não! Afinal ele estava a agir de boa fé. Só ultimamente é que me sentia meio desconfortável ao pé dele. Angustiada. Mas nunca dei a importância, com daria hoje em dia sabendo o que sei!”
“ Mas o que é que estão a falar!??” – pergunta Verónica.
Pedro e Marta ao mesmo tempo - “CALOU!!”
Levanta-se nervosa. “ Mas que gaita!” – dizia. Olhava mais uma vez o telemóvel. Aproximou-se da janela. Espreitou lá para fora… para nada.
Quando Verónica olhava para o telemóvel como um gato à caça, este vibrou. “PORRA!” - O susto foi tão grande que o Nokia saltou das mãos. Ela ainda tentou apanha-lo no ar, mas por duas vezes ele escapou e foi direito ao chão.
Verónica num acto de desespero baixa-se, mas ao fazer tal avança com o pé, pontapeando o telefone para debaixo da secretária ao mesmo tempo que sente uma dor fortíssima na testa de tal modo que cai par trás:
“MERDA!” – sacode a cabeça tentando perceber o que tinha acontecido e vê que tinha se esquecido de fechar a gaveta de onde tirou o telemóvel da empresa. Este tocava debaixo da secretária a música de Lionel Richie.
“Hello! Is it me you're looking for?”
“Merda de música! - ESTOU!? Espera só um bocadinho. Deixa-me sair daqui debaixo da secretaria.- NÃO INTERESSA! – O que interessa é saber se fizeste o que te pagaram para fazer?” – Verónica senta-se na cadeira de Bernardo esfregando a cabeça, pois um alto começava a aparecer.
“SIM! E o Mário? Que fez? … Fugiu pelas traseiras?... Foi para onde? MARTA? Esta agora!” – Levanta-se vai ao mini frigorifico e tira uma cerveja. Coloca a garrafa na testa.
“AAAAH! Que bom!... HÃN!?... Tens alguma coisa a ver com isso? Não querem lá ver!? – Vá , vá! Vai mantendo o Mário debaixo de olho. Faz de tudo para ele não vir aqui. Hoje e amanhã! … Está bem! Pagamos o resto depois. Té logo! Vai dizendo coisas.” – desliga – Estúpido!”
Verónica vira-se para o computador. Abre o Skipe e marca um número preestabelecido. Poisa a garrafa e olha para ela como se agora o interior fosse mais apetecível que o frio do vidro.
“Estou? Bernardo… oops Desculpa! Sim sem nomes! Já está. Podemos fazer o resto. Vai demorar. Tenho medo.”
Neste momento, Verónica começa a sentir-se desconfortável. Sente um calor nas mãos que as faz transpirar. O telefone voip vai mudando nervoamente de mão.
“Olha! E eu? Quando vou ter contigo? … 3 dias… e onde? … E espero lá por ti? … Chegas quando?”
A boca parecia cortiça.
“Eu não acho nada saudável fazer isto aos Russos… pronto! Está bem! Desculpa! Eu não digo mais nada! … mas tenho tanto medo!... Eu sei!... SIM! ISSO! Milionária!.. SIM!...vá então! Um beijo.”
Desliga.
Verónica inspira fundo. Sorri, mas logo a seguir fica como se soubesse que podia ser o último sorriso.
Abana a cabeça como se tentasse sacudir o pensamento. Dirige-se ao mini-bar para tirar um descapsulador.
“PSSST!” – salta a carica.
“Podes abrir uma para mim?”
“AAAAAAAAAAAAAAAAAHH!!” – Verónica dá um grito atirando a garrafa pelo ar. Esta vai para directamente à mão de alguém que não estava ali ainda à pouco.
“P-P-P-Pedro?” – balbucia Verónica.
“SIM! Pedro! O caça gambozinos!”
“Desculpa?”
“Não desculpo! Que queres? Tenho este feitio!”
Verónica procurava desesperadamente um sítio para se encostar. Acaba por se sentar em cima da secretária. Pedro bebia de uma assentada meia Carlsberg. Mete a mão no bolso e tira um mini gravador digital.
“Sabes o que é isto?” – Verónica ia abrir a boca – “Não digas! Isto é um minigravador que comprei no LIDL que me ajuda muitas vezes quando tenho que falar com os clientes, para mais tarde preparar os meus casos. E sabes que mais? Hoje voltou a ajudar-me!”
Pedro senta-se na cadeira de Bernardo. Coloca-se na pose o mais feminina que sabia e liga o aparelho!”
“Estou? Bernardo… oops Desculpa! Sim sem nomes! Já está. Podemos fazer o resto. Vai demorar. Tenho medo.”
Pedro desliga o aparelho e olha para Verónica com ar de gozo. Esta estava branca.
“ MEDO! MUITO MEDO! Quer ir fazer xixi, antes que faça aqui?”
“ Eu… eu… eu…”
“Sim! Pelo que percebi! Tu e o senhor Bernardo!... Pelo menos! Conta lá então!”
“ Eu não tenho nada a dizer!”
“Não!? … Bom! Então não tenho nada a fazer aqui. Desculpa o incómodo! Vou-me embora!”
“ Sim é melhor!”
Indo directo à porta de saída - “ Só mais um coisa… qual é o número da policia local?... Deixa eu ligo para o 112. Eles depois dizem-me!”
Verónica, corre e segura-o por um braço.
“Espera!”
“Espero eeee?”
“Eeeee… não contes a ninguém!”
“Porque…”
“Porque… tenho medo!”
“Espera! Outra vez medo! Olha! Estou a perder a paciência!| Ou contas depressa o que se passa ou a policia vai ficar muito contente em conhecer o meu papagaio.”
“Eu... eu… eu… - derrotada – eu conto!”
“Marta está envolvida?”
“Não! Bernardo aproveitou a deixa dos assassínios para colocar fora de acção Marta o tempo suficiente para …!”
“OS QUÊ!? – Pedro sentiu o sangue a ferver – ISTO É DE LOUCOS! – tentando-se controlar - Isto ainda vai ser melhor. Espera aí! Tenho um telefonema para fazer!”
“Para quem?”
“Não tenhas… MEDO! – Estou? Podes vir aqui à empresa? Tenho uma surpresa.”
...
Marta entra no escritório de Bernardo. Estavam lá duas caras suas conhecidas. Verónica a sua colega que Marta sempre achou meio desaparafusada e Pedro com uma cara como se tivesse descoberto o assassino da esposa.
“ Que se passa?”
“ Aqui a senhora ruivinha e o nosso GRANDE amigo Bernardo, pelo que percebi, andam a tramar alguma tão pequena que até esta noite foi à caça de gambozinos a uma quinta onde vive um velho amigo das pescas de Bernardo e 3 malditos cães que me puseram acorrer como nunca corri na vida!”
“ HEM?” – as sobrancelhas de Marta levantaram ao mesmo tempo que os olhos se esbugalhavam.
“ Pois é! O senhor Doutor Bernardo não é quem nós pensamos. Não é senhora Verónica? Quer continuar ou posso tentar adivinhar!”
“Sim! – Verónica falava baixo. Marta nem conseguia dizer nada. – A ideia era tirar Marta e o Mário daqui. Surgiu a oportunidade com a história dos assassínios em série. Bernardo usava Pedro para levar Marta a ajudar a Judite nos casos, afastando-a por uns tempos. E Mário seria mais fácil. Basta sentir-se seguido. Vigiado e tão depressa não viria aqui. Parece que Marta tem qualquer coisa nos pés. Não percebi o que isso podia ajudar a polícia.”
“ PARA QUÊ? ESTOU-ME QUASE A PASSAR!” – Quase faltou a voz a Marta com o grito.
“Diz-me Marta. De onde é que achas que surgiu o dinheiro para começar esta empresa?” – diz Verónica.
“ Bem! Agora que falas nisso… nunca perguntei. A empresa não era minha. Sou uma empregada . Não sei…”
“Pois! Mas de certeza que não era de herança nem do trabalho de Bernardo, não é!?”
“… pois! Talvez…!”
“Então donde?” – Pergunta Pedro mexendo-se e contorcendo-se na cadeira de Bernardo como se estivesse cheio de formigas.
“Russo…”
"... mas a Associação!?" - Pergunta Marta.
"Banco Russo... Mafia Russa... percebes!?"
“FODA-SE! A gravação…” - Pedro enquanto procurava o trecho no aparelho olhou de soslaio para Marta, meio envergonhado pelo palavrão.
Ouviu-se então:
“…Eu não acho nada saudável fazer isto aos Russos… pronto! Está bem!...”
“AAAAAHHHH! “ - Disse Pedro triunfante.
“O que é isso?” – pergunta Marta.
“ Uma sorte do caraças, quando vinha pedir explicações acerca de ontem me terem mandado à caça de um tesouro que não existia, à procura de pistas acerca do assassino da Clara, numa quinta onde deveria ser uma sede de uma seita qualquer. Esquece!”
“ E apanhaste laranjas quando pensavas que eram limões! BOA! - Estou muito desiludida contigo Verónica. Com Bernardo então até estou de rastos!”
“ E acaba lá com isso. Qual é a ideia?”
“ Os Russos querem que as empresa com que trabalhamos sejam pressionadas a trabalhar para eles.”
“ Eeee…?” – Pergunta Pedro.
“ Porque se não fizéssemos isso tiravam-nos o apoio. Ficávamos com nada. Se fizéssemos, caso fosse descoberto, quem se lixava éramos nós!”
“ Quer dizer aquela história parva do ciganos, do vício, do dinheiro, tinha uma ponta de verdade?
“ Bernardo não se mete com ciganos. Gente baixa.”
“ Óh! Sim! Prefere meter-se com gente graúda. Máfia Russa. Bem graúda por sinal!” – Marta nem sabia o que fazer com os braços.
“Eeeeeeeeeeee…. Já estou a começar a ficar farto!”- salta Pedro.
“Bernardo pensava fugir com uma boa fatia do dinheiro da empresa e desaparecer!”
“ MAS ELE ESTÁ MALUCO? ELE NÃO SABE QUE É VIGIADO POR TODO O LADO? “ – Marta quase que esmurrou Verónica. Os braços voavam em frente à cara dela. Mais parecia que eram os braços e as mãos que falavam.
“ Não sei! “
“ Qual era a ideia? Tem que haver uma volta qualquer bem feita para a coisa sair direita!”
“ Era um troca e baldroca feita entre bancos. Tem haver com branqueamento de dinheiro e pagamentos de comissões chorudas. É muito dinheiro. Com muito zeros. Nós pagávamos os dividendos aos Russos e tínhamos tudo em dia. Afinal eram eles os financiadores. Mas quando lhes deu para aquela ideia vimos que podíamos ir para o xadrez ou ficar com uns sapatos de cimento.”
“ E tu? Onde tás tu nisto? – pergunta Marta, ainda meio combalida.
“ Bernardo à sua maneira gosta de mim. Não me ama. Acho que ele não ama ninguém a não ser ele mesmo, mas prometeu-me ir viver com ele no início. Depois ele dava-me uma parte de dinheiro e eu ia para onde que quisesse.”
“ E agora que fazemos? ” – pergunta Marta.
“ Que fazemos? NADA! Quem vai “fazer” é a Judite. Tenho uns conhecimentos em alguns bancos e tenho a impressão que esta empresa com a viabilidade que tem, depressa vai ter outro administrador e com outros fundos. Por mim o mais fácil é pagar aos Russos a divida que existe e eles ficarem bem caladinhos para não haver barulho. A Judite sabe bem o que fazer com isto. Não te preocupes com nada.”
“ E .. e.. e eu?” – Verónica tremia.
“ Eu tu, faz de conta que a coisa foi descoberta sem ti… PARA JÁ! Vamos a ver no que isto dá! Sinceramente já não me chegava os meus problemas e ainda mais esta. XIÇA!”
“ E o Mário? “ - pergunta Marta.
“ Esse é um pobre coitado. Se andasse por aqui quando a coisa fosse feita. Ainda estragava tudo. É muito bom na sua profissão e sabia de algumas coisas, mas não sabia do essencial. Mandei-o seguir por um conhecido meu, para o manter afastado daqui por uns dias!”
“ E achas mesmo que Bernardo ia dar-te aquilo que te prometeu?” – Pergunta Pedro
“ Sim claro que sim! Ele disse-me todos os passos a dar. Para onde vai e para onde ia e como se fazia!..”
“ ELE disse? .. Tu ficaste aqui! Ele foi para onde?... Marrocos? China? Pois… ! Que medicação tomas? – Pedro olhava para Verónica como se tratasse de uma criança que se tinha portado mal.
“ Espanha!... E só tomo a pílula… não sou drogada… pois…”
“ ESQUECE! … Marta. Temos que encontrar Mário. Pode não ser nada, mas é melhor ele andar por perto de nós, não vá o diabo tece-las!”
“Sim! Também acho!”
“ Mas diz-me lá! Nunca te apercebeste de nada em relação ao Bernardo?”
“ Não! Afinal ele estava a agir de boa fé. Só ultimamente é que me sentia meio desconfortável ao pé dele. Angustiada. Mas nunca dei a importância, com daria hoje em dia sabendo o que sei!”
“ Mas o que é que estão a falar!??” – pergunta Verónica.
Pedro e Marta ao mesmo tempo - “CALOU!!”
17 comentários:
Brilhante...simplesmente brilhante...vai-me obrigar a reler o conto outra vez, para perceber melhor quem é afinal o Mário ;)
Já agora, qual o objectivo da constante menção a marcas?
Pessoalmente, não consigo imaginar o Pedro a utilizar a expressão "judite"...
Pedro é surfista. Espera-se de tudo dele! Iá, bro? ;)
Judite... está institucionalizado. Até já deve vir no dicionário.... ou não!
Quando à menção de marcas... andamos a tentar um patrocínio. :p Não é pessoal? Não? Então foi porque já estava farto de escrever telemóvel.
No que diz respeito à minha opinião, ela não passa disso mesmo...apenas queria partilhar que no perfil do Pedro que "construí", face a alguns inputs dados por Vós...a expressão não encaixa...
Quanto às marcas, o facto de num unico capitulo se mencionar 3 marcas, poderia não ser acaso...uma vez que a menção a marcas ou locais reais, potenciam uma maior vivência da história, por parte dos leitores, pelo reconhecimento dos elementos.
Mas Eduardo valeu o esclarecimento...:)
O capítulo começa meio confuso, mas, mais uma vez, está muito bom. Parabéns! Já estamos mesmo a topar o malandreco do Bernardo...lol
Venha o próximo!
E eis que de repente vem o nosso brainstormer faz isto!
Hehehehe!
Muito bem Eduardo.
Otoque de telemóvel matou-me... Hahahaha!
Pelo menos um dos Vossos Contadores, não aparece na lista de contadores - que é feito de Miss Alcor?
Gostei muito da história, está bem desenvolvida mas quero ler novamente para perceber melhor o Mário.
Achei piada ao facto de "não é para dizer nomes" e ela constantemente a dizer o nome:))
Boa sorte para o próximo
Gostei muito deste capítulo. Bons desenvolvimentos. Um pouco confuso talvez. Tive que reler para não perder nenhum detalhe. Sinceramente já não me lembrava quem era a Verónica.
Muito bom o pormenor do toque de telemóvel, do "galo" e da cerveja.
///BR,
Mónica
Ps: Não percebi muito bem como é que o Pedro conseguiu gravar a conversa. Ele chegou e ouviu e lembrou-se de gravar?
tigger... isso cabe a cada um de imaginar!
Pedro a dada altura diz que foi vitima de uma brincadeira. De uma caça aos gambozinos. Logo é implícito, já que Bernardo não se encontrava em Portugal, ir à empresa ver se alguém sabia alguma coisa acerca da piada de mau gosto. Ao fim ao cabo, estavam a brincar com a morte da sua esposa.
Ele poderá ter ido à empresa saber quando Bernardo voltava.
Chegou, ouviu o barulho no escritório de Bernardo, ( pudera! Verónica deu uma marrada numa gaveta! Deve ter doído pouco, deve!) ouvi a conversa e começou a gravar. É uma das hipóteses.
Mas este tipo de explicações Pedro ainda deve dar a Marta. Afinal isto ainda não acabou... hehehe
Boas...já comecei o XVIII, devo acabá-lo amanhã d manhã (q isto hoje ñ dá pra mais)!! Pelo q tenho em mente, vamos ter mais um suspeito na intriga...mas já existe...ñ inventei ninguém d novo ;)!!!
Muito bom o capítulo...muito engraçado também :o)
Só vou repetir o que disse no outro blog...achava que o Bernardo devia ser mesmo corrupto...hehehe. Mas isso sou eu que gosto de personagens obscuros!
Eduardo,
Gostei muito do teu capítulo! Finalmente meteste ordem na casa e clarificaste as coisas. De génio.
Este conto está a ficar bastante engraçado. Belo humor Eduardo ;)
Jaleco, boa sorte para o teu capítulo!
Leonor - A Miss Alcor e o Paulo decidiram deixar o conto por iniciativa própria. Para mim, no entanto, continuam a ser contadores. Vá este projecto até onde for, a colaboração deles está cá.
nathalia... tenho ligeira sensação que alguém ainda vai fazer a tua vontade... não o Bernardo... mas...
Brilhante momento de humor e de criatividade!!!
a trama ta fixe mas isto nao e a novela da noite nao parem com o suspense.
abrc
m.o
Este capítulo foi bem extenso!! :) Mas valeu bem a pena. Está brilhante, com sentido de humor quanto baste e um adorável final de capítulo. :)
Postar um comentário