quinta-feira, 10 de maio de 2007

Capítulo XVI



... César queria morrer ali.

Ao receber aquela "monstruosa" noticia da morte de Clara, o mundo pareceu cair sobre ele, e naquele instante revelou não possuir força nem vontade para se manter vivo.
Não queria acreditar. O amor da sua vida, como ele gostava de pensar, tinha dado entrada no mundo dos mortos, e ele nunca teve a coragem necessária para lhe dizer cara-a-cara aquilo que realmente sentia por ela. César nunca se iria perdoar por tal.

Só queria estar só. Frágil, resolveu correr com um destino definido: o topo do edífico da rádio. A rádio onde conhecera e desenvolvera a sua paixão por Clara. A sua vida acabara de se desmoronar e ali à sua frente só o abismo.
César estava agora no parapeito do edificío, e de todos os lugares do mundo, aquele pareceu-lhe o sitio mais "acolhedor" para a sua grande dôr.
A respiração era ofegante. As lâgrimas pareciam pequenos rios que se alastravam pelo rosto. O bater do coração era imponente.
César fecha os olhos e ergue os braços como de asas se tratasse. Estaria ele com intenção de pôr término à sua própria vida? Estaria apenas a sentir a leve brisa que se fazia sentir daquele alto? Ou esperava que algum anjo o levasse para bem longe?

Com apenas 13 anos, César enfrentou a dura realidade de perder o pai num acidente de viação e por momentos estava a reviver esse trágico momento que mudara a sua vida para sempre.
Mas desta vez era diferente. Era a sua grande paixão. O seu amor impossível, como dizia muitas vezes. Agora sim era impossivél...
E naquele preciso momento e num acto de raiva enorme tentou o salto dali para fora. Mas algo o impediu...
O seu telemóvel vibrou uns milésimos de segundo antes de tentar o salto, o que o impediu de pôr fim à sua vida.
"Fui salvo por uma sms", disse ironicamente com um largo e choroso sorriso.

Resolveu então sentar-se, ganhar um pouco de fôlego e ler a sms que acabara de salvar a sua vida.
César decide então ler. A mensagem era de remetente anônimo:

"Sei quem tu és. Será que sabes quem eu sou??
Ela gritou o teu nome...!!!"

Por momentos a morte de Clara caiu no esquecimento. Havia neste momento algo a passar-se de muito estranho e que César não compreendia. "Será que foi engano?", pensava ele em voz alta.
Voltou a ler, mas nada fazia sentido. Não havia qualquer indicio de que mensagem tenha sido enviada propositadamente para ele.
O telemóvel vibra outra vez. Nova sms... Novamente anônima.

"... César. César."

O telemóvel cai. Estava assustado!!! Se tudo até agora lhe parecia o fim do mundo, agora estava em plenas trevas. Era tudo demasiado irreal para estar a acontecer no mesmo dia.
César fica sem saber o que fazer. Não se conseguia concentrar. O suor imanava por todo o seu corpo.

Do chão o telemóvel volta a vibrar. Desta vez era uma chamada da recepção da rádio. César atende.
"César?", pergunta a recepcionista.
"Sim é César", responde com um tom agastado e triste.
"Estão aqui em baixo uns senhores da judiciária para falar consigo"...




.....(off topic).....

Como sugestão do Pratas em relação à música para este capítulo, decidi incluir a Fácil de Entender dos The Gift como música alternativa a este capitulo. Sem dúvida que é uma bela sugestão e encaixa perfeitamente neste episódio.

16 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns!! curto, mas muito bom! E a música muito bem escolhida, parabéns!!

Continuem assim...

( M.)

Anônimo disse...

Como eu pensava o serial killer pode ser o Cesar. mas deixo-me levar pois tou a gostar.

abrc M.O

Eduardo Ramos disse...

O César? Assassino? Será?
Então depois de matar 4 fica muito angustiado? Ná!
Não me parece!
E aquela mensagem no telemóvel. Alguém o invejava. Muito mesmo! Ao ponto de matar.

Corduroy disse...

Hehehe. Será que o César tem perfil de assassinio???
Não percam os próximos capítulos, pois eu tb não.

Jaleco disse...

Então pelas minhas contas, sou eu a postar o próximo capítulo, certo?!?! Mas ouçam lá...se colocar uma música, posso por a q quiser, ou é por imposição alheia?!?!

Anônimo disse...

Da leitura atenta dos Capítulos anteriores, se deduz que o César não é o assassino.

Capítulo ao estilo Corduroy (Cpítulo V)mas parco em informação...apesar de trazer consigo o regresso da música ao conto, o que é de saudar...ficou aquém das expectativas!

Até breve...

Luis Prata disse...

César assassino de Clara.. não me parece.. Mas a Judiciária está à procura dele isso é certo.

Este César ainda tem muito que explorar, ainda nos vai surpreender muito, esperem para ver.

Parabéns Corduroy ;)

Cristina disse...

Esta exploração do César está muito fixe. A escrita está interessada e alguns pontos nele continuam por explicar. Agora o César o assassino?? Ele mandava a sms para ele? Bom, os assassinos nunca são muito normais...

Fantásticas músicas.

Lua disse...

Não me parece q o cesar tenha perfil para assassino! mas tenho que aguardar!

Courduroy estiveste muito bem, quanto à escolha da música está bem adequada:)

beijocas e continuem

Corduroy disse...

O meu objectivo neste conto, não é bem a criacção de intriga e de grandes "desvaneios" a nível de diálogos. Não tenho essa capacidade, até pk o estilo de literatura que está mais patente neste conto, o policial, não é de perto nem de longe o meu estilo preferido. Mas não posso deixar de dizer que estou a adorar este conto e todo o seu enredo.
Se é pk tou a fazer parte dele? Talvez. Mas principalmente pk para mim está a ser uma experiência extremamente enriquecedora partilhar ideias com todos os colaboradores deste conto, que demonstram enorme capacidade criativa e uma excelente escrita.

Obrigado.... Força ao próximo.

astuto disse...

«O meu objectivo neste conto, não é bem a criacção de intriga e de grandes "desvaneios" a nível de diálogos.», diz o Corduroy.
Eu não exprimiria melhor o que penso sobre este conto. Até porque, um conto é um conto e, supõe, que a trama seja curta e sem histórias paralelas.

Parabéns Corduroy, gostei da tua escrita, já tinha gostado da caracterização do Pedro (o surfista) no outro capítulo que escreveste... Não fosses tu um fã dos Pearl Jam!! Gostei neste capítulo, sobretudo, da coerência com que foi tratado o César que, depois da morte de Clara, terá de ser o núcleo do conto, tudo se deverá desenvolver a partir da sua acção.

Cumprimentos e boa sorte ao próximo.

Touro Zentado disse...

Só acedi agora ao blog...
Parabéns Corduroy!
É o tipo de capítulo que mais gosto de escrever!
Está muito bem!
Continuamos no bom rumo!

Nathalia disse...

Gosto muito do César assim, mas não esqueçam que ele pode ainda ser um bocado obcessivo :o)

Luis Prata disse...

Ele pode muito bem ser obsessivo :)
Claro que temos que desenvolver um pouco esse lado dele, afinal no inicio do conto ele era meio "bruto" e obsessivo até ficar cego pela paixão do beijo. Mas Clara morreu e talvez brevemente a obsessão volte à carga.

Touro Zentado disse...

Sim Jaleco...
A música que quiseres!
:)

susemad disse...

Bem... confesso que tive de voltar atrás uns capítulos para me situar. A minha ausência por aqui tem sido longa e teve mesmo de ser...
Excelente capítulo!!
Agora vou subir, porque o tempo é muito para me colocar ao dia! :)